terça-feira, 4 de setembro de 2012

DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA GESTAÇÃO

O diagnóstico clínico da gravidez baseia-se em sintomas referidos quando da anamnese e em sinais identificados durante o exame físico da paciente. Cada uma dessas informações carrega certo grau de confiabilidade, o que permite sejam elas agrupadas em sintomas e sinais de presunção, sinais de probabilidade e sinais de certeza da gravidez. 
Os principais sintomas de presunção são: 
Náuseas: são, talvez, o sintoma que melhor caracteriza a gestação que se inicia. Provável resultado da adaptação materna ao hormônio Gonadotrófico Coriônico (hCG), e os enjoos são potencializados por diversas situações orgânicas. 
Distúrbios urinários: durante o primeiro trimestre da gravidez, o útero em crescimento exerce pressão sobre a bexiga materna e pode causar polaciúria, sintoma que surge por volta da 6º semana de gestação. Com o evoluir da gestação, o útero ganha a cavidade abdominal e a frequência urinária gradativamente diminui. 
Fadiga e sonolência: são sintomas frequentes da gravidez inicial, provável decorrência da vasodilatação observada no organismo materno. 



Percepção dos movimentos fetais: a partir de 16 semanas de gravidez (multíparas) ou de 20 semanas (primigestas), a grávida passa a perceber suaves ondulações abdominais, a principio referidas como movimentação intestinal que se acentua e, com a evolução da gestação, se evidenciam como movimentos fetais. 
Os principais sinais de presunção são: 
Falha menstrual: O atraso da menstruação é o sinal mais precoce da gravidez, crescendo de importância na presunção da gestação quando ocorre em mulher jovem, hígida, que não esteja fazendo uso de método contraceptivo e com ciclos menstruais regulares e vida sexual ativa. 
Modificações mamárias: a partir de 5 semanas de gravidez, inicia-se processo de congestão que torna as mamas doloridas. Com 8 semanas, demais de congestas, as mamas mostram aréolas mais escuras, nelas surgindo projeções secundárias (os chamados "tubérculos de montgomery"). Com 16 semanas, já é possível delas extrair colostro e observa-se aumento da vascularização venosa (a chamada "rede de Haller"). Com 20 semanas, os limites dos mamilos tornam-se imprecisos por aumento da pigmentação, constituindo a aréola secundária (o chamado "sinal de Hunter").



Alterações do muco cervical: o incremento na produção da progesterona, característico da gestação inicial, diminui a concentração de sódio nas secreções do colo uterino, elemento necessário para que o muco cervical, quando cristalizado por desidratação, exiba padrão arboriforme. Muco cervical abundante e fluido, que quando desidratado, cristaliza-se com imagem microscopia semelhante a folhas de samambaia, fala contra a gravidez. 
Transformações cutâneas: embora muito pouco sensível e específico, o surgimento de cloasma ou da linha nigra, o primeiro decorrente da hiperpigmentação da face e a segunda do aumento da concentração de melanina na linha alba, e o aparecimento de estrias, sugerem gravidez. 

Os principais sinais de probabilidade são:

Sinal de Hegar: com 6 a 8 semanas de gravidez, o útero adquire consistência elástica e amolecida, principalmente na região do seu istmo, o que permite seja ele fletido sobre o colo uterino quando examinado simultaneamente pela palpação abdominal e pelo toque vaginal. Tem-se a sensação de que o corpo do útero está separado do cérvice.

Sinal de Piskacek: a implantação ovular faz com que o útero cresça de forma assimétrica e adquirida, nessa região, consistência amolecida e forma abaulada, se comparada ao restante do órgão.

Sinal de Nobile-Budin: quando o toque bidigital examina os fundos-de-saco vaginais, pode-se perceber que eles estão preenchidos pelo útero gravídico que assumiu forma globosa.

Sinal de Osiander: também pelo toque vaginal, pode-se sentir a pulsação arterial no fundo-de-saco, achado característico de crescimento uterino rápido.

Sinal de Jacquemier ou Chewick: por volta de 8 semanas de gravidez, a vulva, congesta, assume coloração violácea, facilmente observável à inspeção.

Sinal de Kluge: aqui, a cor violácea pode ser visualizada na mucosa vaginal, também resultado da congestão do órgão.

Volume Uterino: o útero grávido é palpável no abdome materno, logo acima da sínfise púbica, com 12 semanas de gestação. Com 16 semanas, ele deve estar a meio caminho entre a sínfise e a cicatriz umbilical. Com 20 semanas, atinge a cicatriz umbilical e, em torno de 40 semanas, o apêndice xifoide.



Os principais sinais de certeza são:

Ausculta dos Batimentos do Coração Fetal: pode-se auscultar os batimentos cardíacos do concepto empregando-se 2 técnicas distintas: com o sonar doppler, a partir de 12 semanas de gravidez, e com o estetoscópio de Pinard, após 20 semanas.

Sinal de Puzos: durante o toque vaginal, produz-se discreto impulso no útero, através do fundo-de-saco anterior, que deslocará o feto no líquido amniótico para longe do dedo do examinador. A tendência do retorno do concepto à sua posição primitiva fará com que ele seja novamente palpado, transmitindo ao examinador a sensação do rechaço fetal. É sinal que pode ser observado a partir de 14 semanas de gravidez.

Percepção dos Movimentos Fetais: com 18 a 20 semanas de gestação, já é possível ao examinador palpar partes identificáveis do corpo fetal e perceber seus movimentos. Importante salientar que a movimentação fetal como sinal de certeza da gravidez deve ser percebido pelo obstetra, carecendo de precisão o relato da gestante.

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