O
diagnóstico clínico da gravidez baseia-se em sintomas referidos quando
da anamnese e em sinais identificados durante o exame físico da
paciente. Cada uma dessas informações carrega certo grau de
confiabilidade, o que permite sejam elas agrupadas em sintomas e sinais
de presunção, sinais de probabilidade e sinais de certeza da gravidez.
Os principais sintomas de presunção são:
Náuseas: são, talvez, o sintoma que melhor caracteriza a gestação
que se inicia. Provável resultado da adaptação materna ao hormônio
Gonadotrófico Coriônico (hCG), e os enjoos são potencializados por
diversas situações orgânicas.
Distúrbios urinários: durante o primeiro trimestre da gravidez, o
útero em crescimento exerce pressão sobre a bexiga materna e pode
causar polaciúria, sintoma que surge por volta da 6º semana de gestação.
Com o evoluir da gestação, o útero ganha a cavidade abdominal e a
frequência urinária gradativamente diminui.
Fadiga e sonolência: são sintomas frequentes da gravidez inicial, provável decorrência da vasodilatação observada no organismo materno.
Percepção dos movimentos fetais: a partir de 16 semanas de
gravidez (multíparas) ou de 20 semanas (primigestas), a grávida passa a
perceber suaves ondulações abdominais, a principio referidas como
movimentação intestinal que se acentua e, com a evolução da gestação, se
evidenciam como movimentos fetais.
Os principais sinais de presunção são:
Falha menstrual: O atraso da menstruação é o sinal mais precoce
da gravidez, crescendo de importância na presunção da gestação quando
ocorre em mulher jovem, hígida, que não esteja fazendo uso de método
contraceptivo e com ciclos menstruais regulares e vida sexual ativa.
Modificações mamárias: a partir de 5 semanas de gravidez,
inicia-se processo de congestão que torna as mamas doloridas. Com 8
semanas, demais de congestas, as mamas mostram aréolas mais escuras,
nelas surgindo projeções secundárias (os chamados "tubérculos de montgomery"). Com 16 semanas, já é possível delas extrair colostro e observa-se aumento da vascularização venosa (a chamada "rede de Haller").
Com 20 semanas, os limites dos mamilos tornam-se imprecisos por aumento
da pigmentação, constituindo a aréola secundária (o chamado "sinal de Hunter").
Alterações do muco cervical:
o incremento na produção da progesterona, característico da gestação
inicial, diminui a concentração de sódio nas secreções do colo uterino,
elemento necessário para que o muco cervical, quando cristalizado por
desidratação, exiba padrão arboriforme. Muco cervical abundante e
fluido, que quando desidratado, cristaliza-se com imagem microscopia
semelhante a folhas de samambaia, fala contra a gravidez.
Transformações cutâneas: embora muito pouco sensível e
específico, o surgimento de cloasma ou da linha nigra, o primeiro
decorrente da hiperpigmentação da face e a segunda do aumento da
concentração de melanina na linha alba, e o aparecimento de estrias,
sugerem gravidez.
Os principais sinais de probabilidade são:
Sinal de Hegar:
com 6 a 8 semanas de gravidez, o útero adquire consistência elástica e
amolecida, principalmente na região do seu istmo, o que permite seja ele
fletido sobre o colo uterino quando examinado simultaneamente pela
palpação abdominal e pelo toque vaginal. Tem-se a sensação de que o
corpo do útero está separado do cérvice.
Sinal de Piskacek:
a implantação ovular faz com que o útero cresça de forma assimétrica e
adquirida, nessa região, consistência amolecida e forma abaulada, se
comparada ao restante do órgão.
Sinal de Nobile-Budin:
quando o toque bidigital examina os fundos-de-saco vaginais, pode-se
perceber que eles estão preenchidos pelo útero gravídico que assumiu
forma globosa.
Sinal de Osiander:
também pelo toque vaginal, pode-se sentir a pulsação arterial no
fundo-de-saco, achado característico de crescimento uterino rápido.
Sinal de Jacquemier ou Chewick: por volta de 8 semanas de gravidez, a vulva, congesta, assume coloração violácea, facilmente observável à inspeção.
Sinal de Kluge: aqui, a cor violácea pode ser visualizada na mucosa vaginal, também resultado da congestão do órgão.
Volume Uterino:
o útero grávido é palpável no abdome materno, logo acima da sínfise
púbica, com 12 semanas de gestação. Com 16 semanas, ele deve estar a
meio caminho entre a sínfise e a cicatriz umbilical. Com 20 semanas,
atinge a cicatriz umbilical e, em torno de 40 semanas, o apêndice
xifoide.
Os principais sinais de certeza são:
Ausculta dos Batimentos do Coração Fetal: pode-se auscultar os batimentos cardíacos do concepto empregando-se 2 técnicas distintas: com o sonar doppler, a partir de 12 semanas de gravidez, e com o estetoscópio de Pinard, após 20 semanas.
Sinal de Puzos:
durante o toque vaginal, produz-se discreto impulso no útero, através
do fundo-de-saco anterior, que deslocará o feto no líquido amniótico
para longe do dedo do examinador. A tendência do retorno do concepto à
sua posição primitiva fará com que ele seja novamente palpado,
transmitindo ao examinador a sensação do rechaço fetal. É sinal que pode
ser observado a partir de 14 semanas de gravidez.
Percepção dos Movimentos Fetais:
com 18 a 20 semanas de gestação, já é possível ao examinador palpar
partes identificáveis do corpo fetal e perceber seus movimentos.
Importante salientar que a movimentação fetal como sinal de certeza da
gravidez deve ser percebido pelo obstetra, carecendo de precisão o
relato da gestante.