terça-feira, 19 de junho de 2012

Marcha reúne famílias e profissionais em defesa do parto humanizado

      Movimento aconteceu em todo o país, articulado pelas redes sociais, unindo profissionais de saúde e sociedade civil, em defesa da liberdade de expressão e da liberdade de escolha das mulheres.



      Desde o último domingo, dia 10 de junho, quando o programa Fantástico da rede globo veiculou a matéria sobre parto humanizado domiciliar, uma série de manifestações e debates tem ocorrido entre os profissionais da saúde e a sociedade civil. Após a ameaça de denúncia, sofrida pelo médico Jorge Kuhn, marchas e manifestações aconteceram em diferentes cidades do país.
       A articulação da marcha foi feita pelas redes sociais, que mobilizou pessoas de diferentes capitais e cidades. O movimento surgiu como resposta e repúdio à decisão do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ), que enviou uma denúncia Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP), contra o obstetra Jorge Kuhn, que se posicionou a favor do parto humanizado domiciliar na reportagem da TV Globo no Fantástico.
     As capitais e cidades participantes foram: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Vitória (ES) e mais algumas cidades do interior se tornarão palco de manifestações das mulheres pelo direito de escolha.

      
Diante das informações já divulgadas, Brasília reuniu nas ruas, mais de 400 pessoas, em São Paulo, foram mais de mil pessoas que percorreram a Av.Paulista e encerraram em frente ao CREMESP, em Salvador mais de 150 pessoas percorreram a orla. A marcha do Rio de Janeiro, também teve a sua programação encerrada em frente ao CREMERJ, como forma de protesto pela posição tomada.


   Atualmente, no Brasil, 98% dos partos são hospitalares. As cesarianas ultrapassam 50% dos partos, chegando a impressionantes 80% no setor privado. Segundo a carta aberta da organização da Marcha pelo Parto, o uso abusivo da tecnologia é acompanhado por taxas elevadas de mortalidade materna e perinatal. Mesmo com esses números, os conselhos e sociedades ainda ignoram a realidade e defendem o modelo de parto violento e autoritário que resulta no chamado “Paradoxo Perinatal Brasileiro”. O Brasil é recordista mundial de cesáreas.
      Em Campinas, com aproximadamente 500 pessoas, a marcha do parto reuniu mulheres, homens e crianças, muitas nascidas de parto humanizado e residencial, que defendiam o direito das gestantes escolherem o local do parto. Além disso, os manifestantes reivindicam o parto humanizado e a liberdade dos profissionais da saúde, pois a censura aos profissionais por emitir opiniões e adotar procedimentos finda por limitar o direito de escolha das mulheres.
       Compartilhando da mesma opinião do obstetra Jorge Kuhn, o médico sanitarista Pedro Tourinho, em sua fala na marcha, destacou: “os profissionais de saúde precisam ser educados para compreender que o parto é um procedimento fisiológico e não cirúrgico”. Defendeu ainda que Campinas passe a contar com uma casa de parto natural, tornando o parto humanizado acessível dentro do Sistema Único de Saúde.

       O Centro Brasileiro de Estudos  de Saúde (Cebes), por meio de  nota, manifestou o seu apoio à luta aos diversos movimentos de mulheres, que estão organizando e participando da Marcha do Parto em Casa. Manifesta também, que o Médico e Professor Jorge Kuhn,  vem ao longo da sua trajetória acadêmica e profissional , colaborado sobremaneira para esse debate, e que a tentativa de coibir e constrange-lo, não só fere um direito nacional como também traz um perigoso precedente que ameaça a todos os profissionais médicos, que podem ser alvo de pressões ao defender posições contrarias aos interesses corporativos, que pouco tem a ver com a saúde das pessoas.



A marcha foi realizada pela liberdade de escolha e pelo respeito ao protagonismo feminino. Escolher o local de parto é um direito humano reprodutivo e sexual, defendido e garantido pelas grandes democracias do planeta.



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