Climatério e menopausa não são sinônimos.
Climatério é uma fase de limites imprecisos na vida feminina; compreende
a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. Menopausa,
ao contrário, tem data para começar: a da última menstruação da vida.
Enquanto o homem espalha centenas de milhões de espermatozóides a
cada ejaculação, a mulher investe toda a energia na produção de um único
óvulo por mês. Todos os óvulos que produzirá terão sua origem em
células germinativas (ou folículos) dos ovários já presentes no instante
do nascimento. As meninas nascem com um a dois milhões dessas células
germinativas.
Em cada ciclo menstrual um comando hormonal complexo recruta um grupo
de folículos para produzir o óvulo daquele mês. Os que perderem a
oportunidade enfrentarão a impiedosa seleção natural, e morrerão. Por
causa dessa competição, quando chegar a primeira menstruação, o número
de folículos estará reduzido a cerca de 400 mil.
Os folículos em luta para formar óvulos são os principais produtores
dos hormônios sexuais que fazem a fama das mulheres. O folículo é a
unidade funcional do ovário. Mulher nenhuma é capaz de formar novos
folículos para repor os que se foram. Quando morrem os últimos deles, os
ovários entram em falência e as concentrações de estrogênio e
progesterona caem irreversivelmente.
De cada quatro mulheres, pelo menos três experimentam sintomas
desagradáveis no climatério. As ondas de calor resultantes de sintomas
vasomotores são os mais típicos; estão presentes em 60% a 75% das
mulheres. Surgem inesperadamente como crises de calor sufocante no
tórax, pescoço e face, muitas vezes acompanhadas de rubor no rosto (a
temperatura da pele chega a subir cinco graus), sudorese (que pode ser
profusa), palpitações e ansiedade. As crises geralmente duram de um a
cinco minutos e podem repetir-se diversas vezes por dia.
A queda dos níveis dos hormônios sexuais altera a consistência do
revestimento da vagina, da uretra e das fibras do tecido conjuntivo que
conferem sustentação à mucosa dessas regiões. Podem surgir incontinência
urinária, ardência à micção, facilidade para adquirir infecções
urinárias e corrimentos ginecológicos. Os músculos que formam o assoalho
responsável pela sustentação dos órgãos genitais e bexiga urinária
enfraquecem e podem surgir prolapsos (útero e bexiga caídos). Os pêlos
pubianos ficam mais ralos, os grandes lábios mais finos, a mucosa
vaginal perde elasticidade e flexibilidade podendo sangrar e doer à
penetração. Diminuição da resposta à estimulação clitoriana, secura
vaginal e redução da libido são queixas freqüentes. A fisiologia do
orgasmo, no entanto, não é alterada.
A falta de estrogênio resseca e torna a pele mais fina, enrugada,
menos elástica e as unhas frágeis. Os pelos pubianos e axilares se
tornam mais ralos. O colágeno da derma mais profunda começa a ser
perdido a uma velocidade média de 2% ao ano, durante os 10 primeiros
anos de menopausa.
Ricas em receptores para estrogênio e progesterona, as células das
glândulas mamárias se hipotrofiam com a falta desses hormônios. O espaço
deixado entre elas é substituído por tecido gorduroso. As mamas se
tornam mais flácidas, o mamilo fica mais achatado e perde parcialmente
capacidade de ereção.
A partir da menopausa, 1% a 4% da massa óssea é reduzida a cada ano
que passa. A perda é mais sentida nas vértebras e nas extremidades dos
ossos longos. Mulheres de raça branca ou amarela, baixa estatura, peso
corpóreo baixo e com história familiar de osteoporose são mais
suscetíveis. Além desses, há fatores evitáveis que aumentam o risco de
perda óssea: dietas pobre em cálcio, com excesso de vitamina D, ingestão
exagerada de cafeína, de álcool, tabagismo, vida sedentária e o uso de
certos medicamentos.
Através de mecanismos mal conhecidos, menor produção de estrogênio
modifica os níveis de dopamina, noradrenalina e serotonina em certas
áreas do sistema nervoso central. Como conseqüência, as mulheres no
climatério estão sujeitas a quadros depressivos, dificuldade de
memorização, irritabilidade, melancolia, crises de choro, humor
flutuante e labilidade emocional.
Mulheres de 45 a 55 anos, que ainda menstruam, apresentam apenas um
terço das doenças cardiovasculares dos homens nessa faixa etária. A
chegada da menopausa aumenta gradualmente a incidência dessas
enfermidades no sexo feminino, até igualar-se a dos homens ao redor dos
70 anos.
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