quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ministério autoriza concurso com 623 vagas para enfermeiros

No total foram aprovadas pelo Ministério da Saúde 2.500 cargos para o quadro de pessoal efetivo do órgão. Veja quais são os cargos ofertados 


      O Ministério da Saúde autorizou realização de concurso público para o provimento de 2.500 cargos do quadro de pessoal efetivo do órgão, especificamente para lotação em um dos 15 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, vinculados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
      De acordo com o extrato de dispensa de licitação publicado no DOU do dia 29/08, o Cespe/UnB será o organizador deste certame. A previsão é de que o edital seja publicado ainda este mês de outubro.
    As oportunidades serão distribuídas entre os cargos de Administrador (30), Assistente Social (47), Enfermeiro (623), Farmacêutico (54), Médico (210), Nutricionista (29), Odontólogo (219), Psicólogo (22), Terapêuta Ocupacional (1), todos de nível superior, bem como para os cargos de Auxiliar de Enfermagem (1.249) e Técnico de Laboratório (16), destinados a pessoal com nível médio completo.
      A Portaria do Ministério do Planejamento indica que o provimento desses cargos começará já a partir de dezembro deste ano, tendo o certame também a finalidade de substituir “2.500 trabalhadores contratados por intermédio de organizações não governamentais que executam atividades não previstas no Decreto nº. 2.271, de 7 de julho de 1997.”
      Os novos servidores do Ministério da Saúde poderão receber salários de até R$3,2 mil e os locais com demanda de vagas são Estados situados nas regiões Sul e Sudeste, bem como as Casas de Saúde do Índio e Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Alagoas, Ceará, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Maranhão.

NUEPES: I Congresso Internacional de Atenção à Saúde: APS Baseado em evidências

O Congresso ocorrerá nos dias 02, 03 e 04 de maio de 2013, os interessados poderam fazer a inscrição pelo site nuepes.ufpi.br/inscricao/, seram aceitos para apresentação em banner e oral. Confiram vale apena participar.

Confira abaixo as taxas de inscrições ou clique aqui para ver as normas para envios de trabalhos.

TAXAS DE INSCRIÇÕES:
Categoria Até 3 de Janeiro De 4 de Janeiro até 15 de Abril De 16 de Abril até o evento
Profissionais R$ 150,00 R$ 250,00 R$ 300,00
*Estudantes de pós-graduação R$ 100,00 R$ 200,00 R$ 250,00
*Estudantes de graduação R$ 80,00 R$ 120,00 R$ 150,00
*Estudantes ensino médio R$ 40,00 R$ 60,00 R$ 100,00
**PROVAB R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
(*) Inscrições nas categorias de Estudantes de Graduação, Pós-graduação e Ensino Médio serão aceitas, exclusivamente, mediante ao envio do comprovante de matrícula de 2012 ou declaração da Instituição de Ensino através do site (Após confirmação de inscrição, você receberá instruções para envio do documento).
(**) Só serão aceitas as inscrições do PROVAB após conferência com listagem do Ministério da Saúde. O aceite será confirmado via e-mail.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Adoçantes na gravidez

Todos os tipos de açúcar que ingerimos transformam-se, depois, em glicose.
A glicose é essencial à vida. É ela que fornece energia para o nosso corpo funcionar.
Nas pessoas normais, uma alimentação saudável supre todas as  nossas necessidades desse nutriente e o organismo tem mecanismos compensatórios que mantêm os níveis sanguíneos de glicose  entre 75 e 100mg/dl (em jejum).
Níveis mais elevados, como acontece no Diabete ou na Intolerância à Glicose, assim como níveis muito baixos, como pode ocorrer pelo uso incorreto de medicamentos hipoglicemiantes, podem ser muito prejudiciais ao funcionamento do organismo. O feto, em especial, é muito sensível a essas alterações, e isso pode até levar à perda da criança.
Indivíduos saudáveis, inclusive gestantes, desde que alimentem-se corretamente, não têm que se preocupar com o assunto.
Pessoas diabéticas (glicose em jejum acima de 125 mg/dl) ou com Intolerância à Glicose (glicose entre 100 e 125 mg/dl) necessitam abster-se do uso de açúcares, principalmente o açucar comum (sacarose) na sua alimentação e, nessas situações, pode ser útil o consumo de outros tipos adoçantes para manter o paladar dos alimentos.
No quadro abaixo, mostramos os adoçantes mais comumente disponíveis no mercado e as suas possibilidades de emprego durante a gravidez.

Uso de adoçantes na gravidez
SUBSTÂNCIASUSO NA GRAVIDEZOBSERVAÇÕES
Sacarina
Ciclamato
Não indicado Não há certeza da segurança do uso dessas substâncias durante a gravidez (Classe C)
Aspartame (*)

Sucralose

Acessulfame-K

Estévia
Permitido
Os estudos até agora realizados não demonstraram risco no uso dessas substâncias durante a gravidez.(Classe B)
(*) O aspartame não deve ir ao fogo e é contra-indicado nos casos de  fenilcetonúria

Vacinas na Gravidez

Segundo as normas de Assistência Pré-Natal, do Ministério da Saúde a única vacina recomendada indistintamente para todas as gestantes é a dupla tipo adulto (dT), que visa imunizar contra o tétano e difteria. Eventualmente poderá ser substituída pela Anti-Tetânica isolada (TT). Objetivo principal dessa vacina é evitar o tétano neonatal.

Gestante não vacinada ou com vacinação desconhecida deve receber 3 doses de dT (na falta desta usar TT) , com intervalo de 2 meses entre as doses (mínimo de 1 mês). A primeira dose deve ser a mais precoce possível, e a segunda dose no mínimo 20
dias antes do parto.
Gestante que comprova vacinação adequada há mais de 5 e menos de 10 anos, recebe dose de reforço no último trimestre (até 20 dias antes do parto).

Em casos específicos, quando for identificado grande risco, poderão ser também indicadas as vacinas contra Hepatite B e contra Febre Amarela.

De um modo geral podem ser aplicadas durante a gravidez, de preferência após o 1º trimestre, todas as vacinas que não contenham vírus vivos.

Vacinas com vírus vivos atenuados estão contra-indicadas. Exceção é a vacina contra a Febre Amarela que, apesar de ser com vírus vivos atenuados, pode ser aplicada, após o primeiro trimestre, quando o risco de contrair a doença for muito elevado.
Em princípio, toda mulher que recebeu um vacina constituída de vírus vivos deve evitar engravidar nos 30 dias seguintes.

Considerando as vacinas mais comumente disponíveis, podemos dizer:
1- Vacinas que não devem ser aplicadas em gestantes:
  • BCG
  • Rubéola
  • Sarampo
  • Caxumba
  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • Tríplice bacteriana celular
  • Poliomielite oral (Sabin ou VOP)
  • Rotavírus
  • Varicela
  • Influenza via nasal (vírus atenuados)
  • HPV
  • Febre Amarela

2 – Vacinas que podem ser aplicadas :

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Trabalho de parto




Trabalho de parto é conceituado como contrações uterinas que produzem apagamento e dilatação cervical. Os principais sinais de trabalho de parto são contrações uterinas periódicas e regulares, percebidas pela gestante ou por um observador por no mínimo 2 horas, com freqüência de no mínimo 2 a cada 10 minutos, colo parcialmente apagado, dilatação cervical de 2 cm ou mais nas
nulíparas e de 4- 5 cm nas multíparas.

O estudo do parto compreende três fases principais que são a dilatação, a expulsão e o secundamento. Antecedendo a estas três fases, existe um período não bem delimitado que é o período premonitório. O período premonitório caracteriza-se pela descida do fundo do útero (2 a 4 cm), decorrentes da adaptação do pólo fetal ao estreito superior da bacia. Ocorre aumento de dores lombares, estiramento das articulações pélvicas, aumento das secreções glandulares cervicais com eliminação de muco, encurtamento do colo, contrações uterinas com menores intervalos e maior intensidade, que vão se tornando mais e mais freqüentes até que se instala o trabalho de parto.

DILATAÇÃO: Também chamada de 1º período, começa com as primeiras contrações dolorosas que modificam o colo, e terminam quando este se encontra, totalmente, dilatado. O útero grávido apresenta contrações desde o início da gestação, porém somente a partir da 28ª-30ª semanas estas contrações começam a ser percebidas pela gestante. São as contrações de Braxton-Hicks e são indolores.
À medida que a gestação evolui, estas contrações tornam-se mais freqüentes e melhor coordenadas, ajudando o amadurecimento do colo uterino (período premonitório). Para ocorrer à dilatação o colo deve ter antes amadurecido.

Alguns parâmetros caracterizam o amadurecimento do colo uterino: amolecimento, que aumenta no período de pré-parto; orientação, quando o colo alinha-se com o eixo longitudinal da vagina, abaixamento, pela dilatação do istmo uterino, apagamento, que é a incorporação do colo ao segmento. Ao redor da 40ª semana, a atividade uterina torna-se mais intensa e desencadeasse o trabalho de parto. Não há limite preciso entre o término do período premonitório e o início do trabalho de parto. O diagnóstico de trabalho de parto nem sempre é fácil e há quem o considere como síndrome.

Estabelece-se o trabalho de parto quando existem contrações uterinas ritmadas e que provoquem alterações progressivas no colo uterino. Em um conceito mais amplo, considera-se trabalho de parto quando os seguintes parâmetros estiverem presentes: apagamento do colo, dilatação cervical, formação das bolsas das águas, emissão de mucosidade e contrações uterina rítmicas, e em conceito mais simples, quando ocorrem duas contrações em 10 minutos. Sob a ação das contrações, a dilatação se completa e inicia-se a expulsão.

EXPULSÃO: A expulsão é, também, chamada de segundo período do parto. Não existe um limite preciso entre o fim da dilatação e o início da expulsão, sendo a divisão puramente didática. A expulsão se inicia com a dilatação total do colo e termina com a saída do concepto.
Neste período, ocorre juntamente com as contrações uterinas, a contração do diafragma e da musculatura abdominal que comprimem o útero de cima para baixo e de diante para trás. Sob efeito das contrações, agora mais fortes e mais freqüentes, o feto é propelido através do colo totalmente dilatado, alcança a vagina e passa a distender o diafragma vulvoperineal. Ao comprimir as paredes vaginais, o reto e a bexiga, provocam o aparecimento de contração da musculatura abdominal (prensa abdominal), via arco reflexo, que são os “puxos”. Sob ação das metrossístoles e dos puxos, o período expulsivo é mais eficiente e à medida que a apresentação desce, a vulva se entreabre, dilata-se e permite a expulsão fetal. Após o parto, o útero se retrai e seu fundo alcança a cicatriz umbilical. Terminada a expulsão fetal, inicia-se o secundamento.

SECUNDAMENTO: O secundamento ou terceiro período do parto, conta de três tempos fundamentais. O primeiro é o descolamento que ocorre em conseqüência da retração do útero. A retração provoca redução acentuada da superfície interna do útero e pregueamento da zona de inserção placentária, que como efeito sofre descolamento. O início do descolamento se dá ao nível da camada esponjosa, que é menos resistente. No ponto em que se iniciou o descolamento, há a formação do hematoma retroplacentário que funcionará como cunha, ajudando na dequitação.

O descolamento se dá segundo o mecanismo de Baudelocque-Schultze, em 75% das vezes, e caracteriza-se por exteriorizar primeiro a face fetal da placenta, e posteriormente, a saída do hematoma retroplacentário.

No restante das vezes, o secundamento se dá segundo o mecanismo de Baudelocque-Duncan, quando ocorre a primeira saída do hematoma retroplacentário e em seguida a saída da placenta. O primeiro acontece principalmente em placenta de inserção fúndica e o segundo, em placenta de inserção lateral. As membranas acompanham o descolamento da placenta. Após o descolamento, ocorre à descida, quando a placenta, empurrada pelas contrações uterina, alcança a vagina, distendendo-a e desencadeando novamente o fenômeno do puxo, provocará sua expulsão ou desprendimento.

GREEMBERG: Considera-se, ainda, um último período, chamado de período de Greemberg ou quarto período, que é definido como sendo as duas primeiras horas decorrida após a expulsão placentária. É o período de importância, pois neste intervalo ocorre a ativação dos mecanismos de hemostasia para conter a hemorragia que sucede ao descolamento da placenta. Quatro fases caracterizam o período de Greemberg: miotamponagem que é a laqueadura viva dos vasos uterinos, determinada pela retração da musculatura uterina. A retração constitui-se na primeira linha de defesa do organismo contra a hemorragia; trombotamponagem, que é a formação de trombose nos grandes vasos do sítio placentário. É a segunda linha de defesa contra a hemorragia; indiferença miouterina, quando ocorre o relaxamento da fibra muscular do útero e a contração uterina fixa o globo de segurança de Pinard, quando a fibra uterina adquire maior tono e se mantém assim até ocorrer à involução puerperal.

Fonte: Portal da Educação

Tipos de partos

  • Parto Natural (Vaginal)
É o parto onde o médico simplesmente acompanha o parto. É um parto espontanêo sem intervenções, como anestesias, episiotomia e indução.
  • Parto Normal

Um parto humano típico começa com o início da primeira fase do parto: contracções do útero. Ocasionalmente, o parto é precedido da ruptura do saco amniótico, também chamado de "ruptura das águas" ou "amniorrexe" (quando o amnion e córion se rompem).
Uma nova força começa a actuar, a contracção da musculatura do diafragma e da parede abdominal que associados ás contracções comprimem o útero de cima para baixo e da frente para trás e assim o bebé é expelido.
A terceira fase do parto compreende ao desprendimento, descida e expulsão da placenta e membranas. 
  • Parto Cesariana
Os motivos para optar por uma cesariana são:
  • a desproporção do tamanho do bebé em relação a pelve feminina;

  • infecção herpética activa;

  • gestantes diabéticas;

  • posição do bebé invertida e difícil.
Na cesariana, a barriga será coberta com um antisséptico destinado a exterminar as bactérias e a anestesia será a epidural. Ao alcançar o bebé, o cirurgião tira-o suavemente. Remove a placenta e a examina-a.
 
  • Parto na Água
Durante o trabalho de parto a mãe é colocada numa banheira que pode ser plástica ou de hidromassagem, com água na temperatura de 36 –37 ºC, cobrindo a barriga. A mãe poderá ficar na água durante as contracções, sair para ter o bebé ou permanecer nela, até que o bebé nasça.

  • Parto de Cócoras

A mãe pode caminhar ou ficar em baixo de um chuveiro ou deitada de lado durante o processo da dilatação. No momento chamado expulsivo, ela posiciona-se de cócoras.

  • Parto Leboyer

O parto é feito com os seguintes requisitos: pouca luz para não incomodar o bebé, silêncio principalmente depois de nascer, banho perto da mãe após o nascimento que poderia ser dado pelo pai e colocação do bebé no colo da mãe.

  • Parto Fórceps
É o parto via vaginal (parto normal) no qual se utiliza um instrumento cirúrgico semelhante a uma colher, que é colocado no canal genital da mulher, ajustando-se nos lados da cabeça do bebé para ajudar o obstetra a retirá-lo do canal de parto em casos de emergência ou sofrimento fetal. É utilizado quando o parto já está no final poupando desgastes da mãe e do bebé.
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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Parto normal ou cesárea? O que toda mulher deve saber (e todo homem também) DINIZ, S. G.; DUARTE, A. C. Editora UNESP, 2004. 179p.


A cesariana é a cirurgia de grande porte mais freqüentemente realizada nos Estados Unidos e (também) a mais freqüente cirurgia realizada sem necessidade. Hoje em dia, cerca de uma em cada quatro mulheres que ultrapassa as portas de um centro obstétrico será submetida a uma cirurgia abdominal de grande porte. Muitas dessas operações, que apresentam riscos de complicações maternas, inclusive morte, maiores que os partos vaginais, são medicamente desnecessárias. É impensável que a cirurgia cesariana desnecessária seja cotidianamente realizada em milhares de mulheres, esbanjando valiosos milhões de dolares dos serviços de saúde, enquanto quase 40 milhões de americanos não têm acesso aos serviços básicos de saúde. (Gabay & Wolfe, 1994, p.7. tradução da autora da resenha)
     O relatório Unnecessary Cesarean Sections - Curing a National Epidemic, publicado pelo Public Citizen's Health Research Group (1994), também denunciava que, dos 3.159 hospitais para os quais havia dados disponíveis, a mais alta taxa de cesáreas encontrada era de 63,7%, seguida de outro hospital com taxa no valor de 57,1%. Referia, por outro lado, a satisfação de haver encontrado ao menos noventa hospitais notoriamente recomendáveis: esses apresentavam taxas de cesárea inferiores a 15% e taxas de parto normal após cesárea (PNAC) iguais ou superiores a 45%.
     Se no hemisfério Norte valores assim elevados de cesarianas são considerados ultraje ao bom exercício da Obstetrícia - que podemos dizer de nosso país? Terá essa epidemia migrado para nossas plagas? Teremos conseguido impedir que nossos profissionais se 'contaminem' dessas práticas inadequadas?
    Infelizmente, a situação aqui é ainda mais grave: já há algumas décadas essa epidemia 'contagiou' nosso país, e pesquisas mostraram que a prática obstétrica em nossos hospitais não é nada exemplar - ao menos no estado de São Paulo, houve hospitais que chegaram a praticar taxas de até 100%!!! (Rattner, 1996).
    Apesar das medidas adotadas pelo governo federal e até por alguns seguros-saúde para coibi-las, o número de cesáreas desnecessárias continua a ascender, mostrando que outras estratégias, além das governamentais e coercitivas, se fazem necessárias.
É inquestionável que a indicação de cirurgia é atribuição dos médicos. Mas até que ponto as mulheres não foram involuntariamente cúmplices, por absoluto desconhecimento de como seu corpo funciona e de qual a lógica que subjaz no aconselhamento profissional que muitas recebem durante o acompanhamento pré-natal? Ou por terem embarcado na 'moda' de que cesárea é parto 'tecnologicamente avançado'? Mais prático, não requer preparação, é possível agendar, e outras 'vantagens'?
     Mulheres (e homens!) agora já podem contar com muita informação, e informação é poder! É o poder de compreender o que se passa para poder fazer escolhas sobre o que é melhor para si e para poder negociar, com o profissional que a acompanha, como deseja que seja atendido o seu parto - de forma esclarecida e consciente. Este singelo livro é o mapa da mina para quem anda em busca do bom parto!

Vale a pena lutar por um parto normal depois da cesárea? p.133

     O livro elucida em linguagem acessível os mais recentes avanços do conhecimento: esclarece os fundamentos da medicina baseada em evidências científicas; comenta sobre o contexto da atenção ao parto em nosso país; em linguagem coloquial, por meio de perguntas e respostas, vai, pouco a pouco, iluminando o trajeto para quem busca saber mais: Como é a dor no caso da cesárea? Por que o parto dói? O que é a dor provocada pela assistência ao parto (dor iatrogênica)? O que é mais seguro, para a mulher e o bebê, o parto normal ou a cesárea? Por que, no Brasil, não se informam adequadamente os riscos da cesárea ou dos procedimentos usados no parto? Por que é importante manter o perineo íntegro no parto? O que deixa a mulher mais satisfeita: o parto normal ou a cesárea?

O que me dá pânico de parto é pensar em cortar minhas partes mimosas. Toda mulher tem que fazer o tal pique para o bebê nascer? Se for preciso cortar embaixo, prefiro uma cesárea. p.95

     Adotando um tom bem humorado para suas explicações, vai desvendando de quem deve ser o protagonismo no parto, se da mulher e seu bebê, ou do profissional - e como pode ser em cada caso. Numa perspectiva feminista, de empoderamento feminino, vai sendo constituído o cenário para o parto do seu desejo: com presença de acompanhante? De doula? Onde? Qual profissional prestará assistência? Como fazer a lista de expectativas (plano de parto)? Como negociá-la com o profissional? Quais são os sinais de que o profissional tem escuta para essas expectativas e pretende atendê-las? E quais os sinais que apontam para o oposto?

Em meu livrinho de convênio há quase cinqüenta nomes de médicos. Se eu marcar uma consulta por semana, vou chegar no final da gestação sem conhecer todos eles. Como encontrar um bom profissional de saúde para me acompanhar na gestação e no parto? p.69

     Por outro lado, não omite que, às vezes, a cirurgia pode ser indicativa, essencial para o sucesso da finalização de uma trajetória de nove meses de espera. O capítulo 'Quando a cesárea é necessária' informa de forma honesta e sem o subterfúgio do linguajar técnico as ocasiões em que a cirurgia deve ser indicada, ao mesmo tempo em que aponta alguns dos artifícios adotados por maus profissionais para induzir a mulher a acreditar que a cirurgia se fez necessária (falta de dilatação, bacia muito estreita, bebê muito grande, gestante jovem demais (adolescente), gestante idosa demais...

Esta semana encontrei uma amiga e ela disse que o médico recomendou uma cesárea porque o bebê estava com o pé enganchado na costela dela. Mas se o bebê está no útero, como o pé dele estava preso na costela? Juro que não entendi. p.119

     É de forma bem carinhosa que as autoras introduzem o homem - o companheiro - no cenário: "a participação do parceiro não deve ser pensada como um dever, uma obrigação, mas como um direito, que pode ou não ser exercido". No mesmo estilo coloquial e bem humorado vão sendo oferecidas respostas aos questionamentos que porventura o parceiro possa colocar. No contexto atual de recente sanção do Presidente à tão aguardada Lei do Acompanhante - Lei 11.108 de 7 de abril de 2005 -, esse capítulo é um grande recurso para esclarecer e dar segurança aos companheiros que desejam ser mais participantes. Saliente-se, todavia, que a lei dispõe que o/a acompanhante será a pessoa de escolha da mulher - contemplando mulheres que eventualmente não tenham companheiro.

Gostaria muito de estar no parto. Aliás ela está me cobrando isso. Mas passo mal só de estar em um hospital. Tenho medo de desmaiar na hora. Isso aconteceu com um amigo meu. Não é coisa de boiola, para outros assuntos eu sou muito macho. p.149

     Diferentemente do livro do insigne escritor Michel Odent - também lançado recentemente (2004), um outro excelente recurso que aborda questões referentes à cesárea, principalmente nas perspectivas antropológico-cultural, obstétrica, primal (da sabedoria instintiva primitiva) e reflexiva - este é um guia eminentemente prático, com respostas claras às questões que podem afligir quem busca uma vivência enriquecedora do nascimento de sua criança. Ao final consta um glossário de termos do âmbito médico e uma lista de outros recursos de informação, como livros, vídeos e páginas da internet recomendadas: recursos eletrônicos disponíveis para quem busca mais informações para consusbstanciar uma decisão consciente e informada. Com 179 páginas e preço bem acessível (R$ 22,00), em breve se tornará referência constante para casais (e, possivelmente, para profissionais de saúde abertos a questionamentos da prática obstétrica atual). Se a consumidora tem sempre razão e muitas mulheres decidirem que não abrem mão da vivência enriquecedora de um parto normal, com tudo o que lhes é de direito, certamente este será o "ponto de mutação" das curvas ascendentes de nossas taxas de cesarianas desnecessárias. Enfim, como consta na capa posterior, este livro
valoriza as dimensões saudáveis, positivas, emocionantes e belas da experiência do parto, para que não seja vivido como uma tortura imposta às mulheres pelo pecado original ou pela natureza, mas, sim, como uma experiência emocional, social e corporal saudável, uma aventura humana que pode ser vivida com segurança graças às técnicas disponíveis.
Ou, como também foi comentado por Maria Cecilia Dias de Miranda (2005), a respeito do lançamento: "É mais do que um livro, um coringa para trazer no bolso. Tudo aquilo que precisávamos para virar a maca, quero dizer dobrar a mesa."

Referências
GABAY, M.; WOLFE, S.M. Unnecessary cesarean sections: curing a national epidemic. Washington (DC): Public Citizen's Health Research Group, 1994. (brochura)
RATTNER, D. Sobre a hipótese de estabilização das taxas de cesárea no Estado de São Paulo. Rev. Saúde Pública, n.30, p.19-33, 1996.
ODENT, M. A cesariana. Florianópolis: Saint Germain, 2004.
MIRANDA, M. C. D. Lista de discussão. Disponível em: <rehunabrasil@yahoogrupos.com.br>. Acesso em: 23 mar. 2005.